O patriarcado existe no Ocidente atualmente, exceto como um slogan preguiçoso?

Escrito por Eric Anderson, traduzido por Yago Luksevicius de Moraes.

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A premissa de que homens oprimem mulheres, para benefício exclusivo dos homens, é limitada e inútil nas pesquisas em ciências sociais. Partindo deste ponto, neste artigo, eu ressalto uma avaliação sistemática do que o patriarcado costumava significar, através do trabalho influente da socióloga Profª. Sylvia Walby, mostrando que a análise dela, embora apropriado no passado, não é mais totalmente válida. Argumento que as demandas da primeira e segunda onda do feminismo foram alcançadas e que os conceitos modernos do patriarcado existem, não como uma ferramenta teórica sofisticada, hábil e complexa para entender o mundo social, mas como uma mera filosofia partidária com utilidade limitada na era moderna.  

“O termo ‘patriarcado’ [é] um conceito, não uma teoria. Para que algo seja uma teoria, deve ser testável, empírico e capaz de fazer predições.”


Patriarcado como um Conceito Não-Descritivo
Linguisticamente, o termo ‘patriarcado’ originou-se na Grécia e tem sido amplamente adotado nas ciências sociais modernas. Ele foi mais usado na antropologia cultural como um descritor para rotular a estrutura familiar na qual o patriarca toma decisões — similar ao seu primeiro uso.

Contudo, o termo ‘patriarcado’ é usado demasiada e incorretamente há anos. Ele é, defendo, um conceito, não uma teoria. Para que algo seja uma teoria, deve ser testável, empírico e capaz de fazer predições. Deve também ser falseável. Defendo que o patriarcado, seja como anterior ou atualmente usado, não é nenhuma dessas coisas.

“…acadêmicos têm errado ao assumir que se algo é controlado por homens, deve sempre favorecer homens. Porém, ‘controlado por’ não é o mesmo que ‘controlado para’.”

Hoje, o termo patriarcado é usado nas ciências sociais, em geral, e particularmente nos estudos de gênero, para referir-se à estrutura na qual os homens estão em vantagem enquanto um grupo na sociedade. Mary Holmes (2007, p. 2), por exemplo, define “patriarcado” como ‘um sistema social no qual os homens têm de ser dominantes em relação às mulheres.’ Esta é uma definição inadequada porque acadêmicos têm errado ao assumir que se algo é controlado por homens, deve sempre favorecer homens. Porém, controlado por não é o mesmo que controlado para.

Um exemplo atual e ilustrativo disso vem do governo central da Ucrânia, totalmente composto por homens, que permitiu a todas as mulheres fugir da Ucrânia diante da invasão russa em fevereiro de 2014, mas todos os homens com até 60 anos de idade foram legalmente obrigados a arriscarem suas vidas na luta pela sobrevivência de sua nação. A BBC estava cheia de imagens perturbadoras de mulheres fugindo do país. Até onde sei, nenhuma enfatizou o privilégio do direito de viver que lhes foi dado pelos homens no poder.

Outras instituições patriarcais beneficiam mulheres sobre homens. Dados da United States Sentencing Commission (2001-2003) (Comissão de Condenação dos Estados Unidos) foram usados para examinar o efeito do gênero na condenação de réus em cortes federais. Em geral, foi encontrado que rés recebem sentenças mais brandas, mesmo quando fatores extrajudiciais são considerados. Similarmente, dados coletados da, atualmente fechada, South Carolina Sentencing Commission (1982 a 2003) (Comissão de Condenação da Carolina do Sul) indicam que mulheres, consistentemente, receberam sentenças mais leves que homens por acusações parecidas. Analogamente, em sistemas de justiça juvenil, os resultados novamente indicam que garotas tiveram maior probabilidade de serem sentenciadas a casas de acolhimento e rapazes tinham maior probabilidade de serem sentenciados a instituições corretivas no condado de Los Angeles para primeiras ofensas. Porém, essa sutileza não é como o conceito é utilizado na literatura acadêmica.

 

O olhar feminista do patriarcado
Nem todas as feministas apoiam a ideia do patriarcado. Muitas feministas influentes não acham o conceito de patriarcado útil. Joan Acker ressaltou que o patriarcado foi aplicado por feministas radicais de uma forma que o via como um “fenômeno universal, ‘trans-histórico’ e transcultural”. Mesmo em 1975, Gayle Rubin argumentou que o patriarcado foi usado de forma muito abrangente, aplicável à maioria das sociedades e, assim, perdeu sua utilidade.

Uma concepção interessante de desigualdade de gênero para além do patriarcado é considerar gênero uma estrutura social. Uma estrutura social, ou instituição social, é central para como uma sociedade é organizada e usada pelos indivíduos para processar suas experiências e viver suas vidas. Uma estrutura social também deve ser sistemática – mudança é algo difícil de alcançar já que estruturas são fortalecidas por normas sociais e rituais. Um termo similar para gênero enquanto estrutura social é “regime de gênero”.

Esta abordagem é mais sistemática. Ao exemplificar uma abordagem ao patriarcado desta forma, eu me volto para o livro influente de Sylvia Walby (1990), Theorizing Patriarchy [Teorizando o patriarcado].

Em Theorizing Patriarchy, Walby diz que há seis estruturas que restringem a liberdade feminina na sociedade e reproduzem a dominação masculina: trabalho remunerado, trabalho doméstico, cultura, sexualidade, violência e o Estado. Nas seções seguintes, dou um panorama básico de cada estrutura.

Acho esse tipo de enquadramento sistemático mais sofisticado que o patriarcado, principalmente porque ele possibilita um entendimento de como o gênero impacta tanto homens quanto mulheres. Como Gayle Rubin disse, o patriarcado presume a dominação dos homens sobre as mulheres e não permite mudanças sociais.

“…Em sua maioria, pilotos [de avião] são homens e a tribulação é composta por aeromoças, mas quem pode argumentar com convicção de que pilotos devem receber o mesmo pagamento que aeromoças?”

 

Trabalho remunerado
O trabalho remunerado mencionado por Walby foi em grande parte enfraquecida, substituída, por alegações de pagamento desigual no mercado de trabalho – a desigualdade salarial de gênero [gender pay gap]. Há um limitado mérito em sugerir que, em alguns setores, mulheres e homens fazem as mesmas tarefas sob nomes diferentes, com variação do salário. Contudo, o conceito de desigualdade salarial de gênero é a sugestão de que mulheres ganham 70% do que os homens ganham pelo mesmo trabalho, o que não é verdade. Na verdade, é ilegal pagar às mulheres menos que aos homens pelo mesmo trabalho. O que a desigualdade salarial de gênero faz é examinar uma indústria inteira, com todas as ocupações incluídas, e calcular a média salarial. Pegue companhias aéreas, onde há uma desigualdade salarial de gênero que precisa de análises posteriores: em sua maioria, pilotos são homens e a tripulação é composta por aeromoças, mas quem pode argumentar com convicção de que pilotos devem receber o mesmo pagamento que aeromoças? Isso faz a desigualdade salarial de gênero uma ilusão do patriarcado. O que conta não é a desigualdade salarial de gênero, mas a questão: As mulheres recebem o mesmo para o mesmo nível de educação, experiência e competência que os homens? Se não, um processo jurídico está à espera.

Isso não quer dizer que mulheres (como um todo em qualquer indústria) ganham o mesmo que os homens. Em muitas indústrias, não ganham. Porém, uma meta-análise da literatura sobre desigualdade salarial de gênero mostra que isso não é uma questão de políticas discriminatórias como a combatida pela primeira onda de feministas. É mais um reflexo do fato de que mais mulheres que homens deixam de lado suas carreiras ao terem filhos. 

“Contudo, muitos desses estudos sobre trabalho doméstico não examinam a quantidade de trabalho feita pelos homens na parte externa da casa, reparos domésticos, planejamento financeiro, manutenção do carro etc.”

 

Trabalho doméstico
A segunda área na qual homens tradicionalmente têm vantagem refere-se a como os homens têm mantido o controle econômico sobre o lar, limitando a forma como mulheres podem gastar a renda familiar. Walby diz que, na família, os homens se beneficiam do trabalho não remunerado das mulheres. Para Walby, em vez de a família ser uma fonte rica de apoio, segurança e equidade para as mulheres, ela é ‘…central para a vida das mulheres e para a determinação da desigualdade de gênero (p. 61). Esta é uma proposta feminista de longa data: o patriarcado começa em casa.

Os argumentos para tal não dizem respeito apenas à agência econômica, mas ao fato de que estudos, naquela época e ainda hoje, mostram que mulheres fazem a maioria das tarefas domésticas e dos cuidados com crianças nos relacionamentos heterossexuais. Contudo, muitos desses estudos sobre trabalho doméstico não examinam a quantidade de trabalho feita pelos homens na parte externa da casa, reparos domésticos, planejamento financeiro, manutenção do carro etc. Tais estudos feministas, em vez disso, retratam os homens sentados, esperando que as mulheres lhes sirvam sem terem servido às mulheres ganhando o dinheiro para o lar.

Porém, muito mudou para as mulheres desde que Walby escreveu isso. Hoje, a maioria dos casais heterossexuais trabalha e pagam para terceirizar muito do trabalho doméstico: a loja de conveniências entrega comida, eles pagam para terem suas casas lavadas e colocam seus filhos em creches. Isso significa que temos um sério decréscimo no número de crianças nascendo de famílias de classe média, já que as mulheres trabalham para estabelecer carreiras antes de formarem famílias. Essa tendência levanta a questão: é necessidade ou privilégio ser capaz de ficar em casa e cuidar das crianças? Eu gostaria que meu marido ganhasse o suficiente para eu ficar em casa com nossas duas crianças – se eu tivesse esse privilégio...

Cultura
Walby sugere várias formas pelas quais a cultura patriarcal oprime as mulheres, como por exemplo, através do discurso sobre masculinidade e feminilidade. A religião é vista como um jeito de policiar a conduta de homens e mulheres, com mulheres que obtiveram muito poder sendo – uma vez na história – queimadas em fogueiras como bruxas. A educação é vista como uma forma de colocar homens em vantagem em relação às mulheres.

Claro que há um discurso cultural sobre masculinidade e feminilidade, mas isso não é simplesmente o produto da cultura, mas reflete realidades biológicas, especialmente as reprodutivas, existindo, portanto, além dos discursos. Se a religião é um jeito de policiar condutas, ela dificilmente policia apenas as mulheres, enquanto deixa os homens seguirem quaisquer desejos que sintam. As alegações de Walby sobre as bruxas também é falha, negligenciando a proporção significativa (20-25%) de execuções durante os julgamentos de bruxos, ou seja, muitos acusados também eram homens (ex.: na Rússia, Finlândia e Ucrânia, chegou a 80%). Os argumentos de Walby sobre a educação também não envelheceram bem, pois desde meados dos anos 80, meninos estão atrás das meninas em todos os níveis de educação.

“A pornografia já não é só homem-em-cima-de-mulher. Agora, há uma democratização da indústria pornô […] com o OnlyFans sendo uma realidade.”

Sexualidade
Walby não está se referindo a minorias sexuais ou a orientação sexual ao usar essa palavra. Em vez disso, ela usa sexualidade como um nódulo de poder que estrutura a experiência. Dito isso, sei que desde os escritos de Walby, a equidade legal e social LGBTQ surgiu. Também reparo que, até onde sei, casais gays e lésbicos não foram examinados na perspectiva do patriarcado na esfera doméstica. Isso se deve ao fato de que estudos sobre essas famílias mostrariam que todos trabalham, de um jeito ou de outro, para manter a casa funcionando. Em essência, o estudo do patriarcado também é homofóbico.

Walby enfatiza que os corpos das mulheres são objetificados em muitos âmbitos culturais, incluindo o mercado de trabalho, e isso serve os prazeres dos homens enquanto simultaneamente degrada o talento das mulheres no mercado de trabalho. Não há lugar em que isso seja mais evidente que, segundo Walby, na pornografia. Ela diz que a pornografia é um lugar vital para debates sobre a regulação da expressão sexual na sociedade. Só se precisa pensar na palavra “pornô” e imaginar as formas pelas quais, apesar de sua popularidade, a sociedade tende a vê-la negativamente. Nos anos 70 e 80, as feministas desenvolveram uma crítica sobre a pornografia, alegando que ela perpetuava problemas sociais, tais como estupro e desigualdade de gênero. Pornô era visto como sinônimo de violência contra mulheres. Talvez, ninguém seja mais famosa/infame por seu ativismo quanto Dworkin, que parecia não conhecer limites para suas denúncias sobre os males da pornografia, chegando até a intitular um capítulo de livro: Pornography: The New Terrorism [Pornografia: O novo terrorismo].

Contudo, isso provocou um debate acirrado entre feministas com argumentos contrários a tal posição (veja Misguided, dangerous, and wrong: An analysis of antipornography politics [Equivocado, perigoso e errado: uma análise de políticas antipornografia] de Gayle Rubin). De fato, muitas pesquisas acadêmicas continuam a focar nos efeitos negativos da pornografia. Há histeria em volta da pornografia; ela é culpada por todas as formas de males sociais, até quando a evidência para tal é fraca, facilmente refutada ou não-existente.

A pornografia mudou radicalmente desde os tempos de Walby. A pornografia já não é só homem-em-cima-de-mulher. Agora, há uma democratização da indústria pornô que está rapidamente encolhendo, com a pornografia gratuita e feita por usuários dominando e com o OnlyFans sendo uma realidade. Essa é uma democracia regida pelos usuários, com iguais oportunidades para clicar, gravar e postar, resultando em grandes sites pornô com variadas categorias. Todos podemos encontrar o que desejamos.

“Walby diz que a violência contra as mulheres é uma forma de privilégio masculino [mas os homens] são mais propensos a serem agredidos fisicamente, ou assassinados, por um estranho.”

Violência
Walby diz que a violência contra as mulheres é uma forma de privilégio masculino e controle sobre as mulheres. A violência dos homens contra as mulheres vem de inúmeras formas, incluindo estupro, agressão sexual, violência doméstica, assédio sexual no trabalho etc. Embora exista uma tendência mundial de redução da violência, ainda há um problema de gênero no que diz respeito a reconhecer a violência de homens contra mulheres. Não irei amenizar este fato.

Porém, ressalto que não são apenas as mulheres que são vítimas. O Office for National Statistics (ONS; Escritório de Estatísticas Nacionais) estimou em 2020 que há cerca de 1,6 milhões de mulheres vítimas de abuso doméstico por ano, comparado com 757.000 vítimas homens, que também devem ser menos propensos a relatar a violência. As mulheres são, estatisticamente, mais propensas a serem vítimas de abuso sexual nos EUA e na maioria das outras nações Ocidentais. Os homens são mais propensos a serem agredidos fisicamente, ou assassinados, por um estranho. Também não há dúvida de que os homens ultrapassam em muito as mulheres em mortes decorrentes de guerras.

Um argumento feminista tradicional nestas discussões é que isso é menos importante porque também são os homens quem causam os danos. Mas isso evita a complexidade do assunto: na violência, algumas mulheres são infratoras e muitas mulheres são vítimas. Muitos homens são infratores e muitos homens são vítimas.

Acima de tudo, contestamos estereótipos sobre certos grupos étnicos/raciais serem mais violentos, causados pelas ações de uns poucos, mas permitimos generalizações sobre os homens sem restrição. Ao falarmos sobre a violência dos homens, devemos falar como ‘violência de alguns homens’. A maioria dos homens não são criminosos violentos.  

O Estado
Walby (1989) define ‘o Estado’ como um conjunto específico de instituições sociais que mantém a coesão e controle social. A evidência de patriarcado aqui é a exclusão de mulheres de instituições políticas e falta de poder para influenciar o Estado. ‘As mulheres são excluídas do acesso aos recursos estatais e poder como parte de um sistema patriarcal’.

Contudo, isso é hiperbólico hoje já que o acesso das mulheres aos recursos estatais não lhes é negado; e elas são livres para votarem em mais mulheres. Contudo, as mulheres optam por não concorrer a cargos públicos em quantidades desproporcionais (ou seja, menos de 50% dos candidatos são mulheres) e quando elas votam, costumam votar em homens, não em mulheres. A pesquisa Pew mostra que as mulheres comparecem, em média, em números 4% maiores para votar que os homens. Se elas votassem em candidatas no lugar de candidatos, Hillary Clinton teria sido a 45ª presidente dos Estados Unidos.

Se já houve uma figura moderna que simbolizasse o ‘patriarcado’, essa é o Donald Trump, e as mulheres votaram nele para o cargo. Então, se existe um Estado dirigido pelo patriarcado, ele é, em parte, o resultado de escolhas livres das mulheres.

De qualquer forma, gostaria de ressaltar que as mulheres estão concorrendo e se elegendo. Em 1990, Walby reparou que só 6% dos membros do parlamento no Reino Unido eram mulheres, estatísticas parecidas existiam no congresso estadunidense. Hoje, cerca de 32% do parlamento do Reino Unido, 20% do congresso estadunidense e 21% do senado estadunidense são mulheres.

Conclusão
A ideia de que o patriarcado existe hoje não é nada além de uma banalidade no contexto dos países ocidentais modernos. Ele serviu como um grito de incentivo para as mulheres, como o slogan de uma campanha, e provavelmente promoveu equidades legais. Defendo que nós precisamos de um movimento de ativistas de equidade de gênero. Este termo indica que o que é desejado é equidade na lei e na cultura para todo e qualquer gênero. Quem pode discordar disso?

 

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Isenção de responsabilidade: Este artigo tem apenas propósitos informativos e não substitui uma terapia, consultoria jurídica ou a opinião de outro profissional. Nunca desconsidere tais conselhos por causa deste artigo nem por qualquer outra coisa que tenha lido no Centre for Male Psychology. Os pontos de vista aqui expressos não necessariamente refletem ou são endossados pelo Centre for Male Psychology e não nos responsabilizamos por eles. Leia o texto completo aqui.


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Eric Anderson

Dr. Eric Anderson é Professor de Ciências do Esporte, Saúde e Sociais na Universidade de Winchester, Inglaterra. Até o momento, ele publicou 19 livros e 75 artigos científicos revisados por pares. Ele estuda esporte, culturas de gênero e sexuais, e acredita que “a pesquisa rigorosa, combinada com disseminação nas mídiaspode promover saúde, igualdade e democracia".

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